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História da Ocupação Humana na Região
O município de Praia Grande localiza-se no extremo Sul do Estado de Santa Catarina, aos pés dos contrafortes da Serra Geral. Seu território, ao sul e a oeste, faz divisa com o Estado do Rio Grande do Sul.
Praia Grande herdou o seu nome dos tropeiros que ao avistarem os imensos espraiados de seixos rolados a margem dos rios, principalmente o rio Mampituba, denominaram de “Praia de Pedras Grandes”. Veio e emancipação em 19 de julho de 1958 e o nome escolhido para o município foi “Praia Grande”. Hoje conhecida nacionalmente como a “Capital dos Canyons”.
Tem-se o conhecimento que suas terras foram originalmente habitadas por populações nativas indígenas das etnias Guaraní, Xokleng e os Kaingangs no alto da serra. Foram eles responsáveis pela abertura das primeiras picadas e trilhas que conectavam a parte baixa da planície com o alto da serra.
Mais tarde, no século XVIII, ocorreu a ocupação do alto da serra para a implantação das primeiras estâncias pecuaristas. Uma estratégia do governo real português para ocupar as terras meridionais do Brasil. Deu-se ai, a primeira formação econômica intensiva da região, com a pecuária como base. Não demorou muito para que os patrões estancieiros de cima da serra percebessem que as terras do fundo dos vales eram mais férteis e o clima mais temperado, propício a agricultura. Data das primeiras roças e roçados dos vales praigrandenses, iniciadas por peões, agregados e escravos das estâncias serranas. São provas disso, a comunidade tradicional dos remanescentes de quilombola de São Roque e a comunidade de Mãe dos Homens, antigamente conhecida como Roça da Estância. A “roça” propriamente não estava localizada nos campos serranos da estâncias, mas sim, nos vales férteis da Serra Geral, configurando assim a “Roça da Estância” como um marco da cultura praiagrandense.
A comunidade de São Roque, atualmente, é declarada como território tradicional de remanescentes de quilombolas, reconhecida pela Fundação Palmares, IPHAN e Ministério Público. Em seu território está localizado o Pico da Pedra Branca, local onde diversas atividades de aventura e ecoturismo são praticadas, tais como escalada, trekking e base jump. Alí também estão localizados três grande cânions, são eles, o Josafáz, Fazinalzinho e São Gorgonha. A comunidade mantem uma associação na qual constantemente busca parcerias para manter sua cultura e promover o turismo. Uma das marcar de sua identidade é a agricultura ecológica, na qual, membros da comunidade se mantem como guardiões de sementes crioulas a quase dois séculos.
A partir do século XIX intensificou-se a chegada de imigrantes europeus, principalmente, dissidentes das colônias alemãs rio-grandenses que ao chegarem em Torres subiam as margens do rio Mampituba em busca de terras melhor aráveis. Os italianos, por sua vez, também deram a sua contribuição na formação do povo praiagrandense, vindos do alto da serra e dos vales catarinenses de colonização italiana.
Nesse período, sem dúvida, os tropeiros, foram os que mais contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Criaram entrepostos comerciais para troca de mercadorias e para atender a demanda dos transportes que se davam através do uso de mulas. A cidade foi desenvolvendo-se, criou-se as principais casas de “secos e molhados” e a Vila Rosa passou a tornar-se um polo comercial. O principal caminho que ligava a serra ao litoral era por Vila Rosa, adentrado as serras e escarpas da Serra Geral. Foram os tropeiros, os responsáveis por dinamizar o espaço social e econômico de Praia Grande, com eles, além das casas comerciais surgiram as selarias, ferrarias e as primeiras casas de hospedagem.
No início do século XX, houve um grande movimento migratório da áreas litorâneas para regiões mais próximas do pé da serra. Foi quando o comércio deslocou-se de Timbopeba para o que atualmente é o centro da cidade de Praia Grande. A vinda da igreja episcopal e a construção de uma igreja católica fez com que a cidade crescesse as margens do rio Mampituba. Praia Grande passou a ser o grande entreposto que ligava a serra ao litoral. Ampliaram-se os caminhos e na década de 1940 foi aberta a primeira rodovia que conectava Praia Grande a região Norte do Estado de Santa Catarina, a SC-108, rodovia Nereu Ramos. A partir de então a cidade só tinha a crescer. Na década seguinte, no ano de 1958, os praiagrandenses conseguiram a tão desejada emancipação política, tornando-se mais um munícipio catarinense.
Esses primeiros habitantes viviam de forma muito simples, as casas eram de pau a pique, ou madeira cerrada no próprio “mato”, para cozinhar, geralmente, era feito um fogo de chão e a panela pendurada em gancho junto a um tripé. Mantinham o “pixurú” como atividade sócio/cultural na qual consistia a troca de dia de serviço entre as famílias mais humildes.
Atualmente, a região dos Aparados da Serra é candidata Geoparque da Unesco, contando, só no território praigrandense com dois geosítios: cânion Itaimbezinho e cânion Malacara. De acordo com estudos recentes, a cidade conta com três sítios históricos relevantes, são eles: os cemitérios centenários da comunidade quilombola de São Roque, as ruínas da antiga comunidade do Fundo do Rio do Boi e as inscrições rupestres do cânion Malacara.
Nas últimas três décadas o turismo tem ganhado o seu espaço e destaque nacional e internacionalmente, através das diversas trilhas no cânions dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral. Passeios de balões, quadriciclos, bike e a cavalo dão o toque para a diversão dos visitantes que chegam.
O canionismo, é uma das atividades de aventura que destaca-se, ainda mais pelos cânions peculiares que marcam a sua geografia. Atividade iniciada na região em meados da década de 1990, através de expedições compostas por equipes francesas e porto-alegrenses, deram início as primeiras conquistas nos cânion índios coroados, malacara e fortaleza. A partir de então, jovens locais passaram a entrar em contato com as técnicas verticais e equipamentos, dando início a conquistas de novos cânions e rotas. Hoje, existe uma variada seleção de rotas que conta com mais de 50 vias de canionismo.
Texto: Frank Lumertz
Imagens povo Xoklengs: Daniel Librelato Massuco
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